terça-feira, 23 de outubro de 2012

O Dia em que Tico morreu

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                           O dia em que Tico morreu

      No dia que Tico morreu,jurei nunca mais ter cachorro na vida. Era assim ,a agente cuidava do bicho desde pequenininho , dava mamadeira ,limpava cocô mole, segurava aquela coisinha quente e carinhosa no colo . Depois, o cachorro crescia ,aprendia a conhecer a chegada da gente de longe ,fazia festa,brincava ...Nos dias de nota baixa ,de bronca ,de febre alta ,só mesmo um bicho de estimação pra consolar a gente. Eles não ligam pra boletim. Nem pra bronca de adulto .Eles gostavam da gente porque gostavam ,oras bolas .Claro , ás vezes eu não ligava pra ele .Mandava embora quando vinha ,abanando o rabo ,pedir cafuné na orelha . Mas ele sabia que a gente era um do outro .Eu não precisava ficar falando .Ele sabia.
   Aí, Tico morreu .No começo eu nem acreditei. Chorei. E jurei nunca mais ter outro bicho .Nem cachorro, nem gato, nem hipopótamo, nem estegossauro .
   E agora não sei o que fazer. Porque trouxeram um novo para casa. Ele é pequenininho, treme-treme, acabou de abrir os olhos. Tá com fome, eu sei, mas não vou dar mamadeira. Nem limpar aquele cocô que ele fez no canto. Não me importo se o danadinho fica me olhando com essa cara de “me-pega-no-colo”...
        Acho que ele tem cara de pingo .
  Taí. É um bom nome pra um cachorrinho...Pingo .Tudo bem, é melhor limpar aquele cocô antes que o cheiro piore. E dar um leite pra ele. Mas nunca, nunca vou gostar desse bicho como gostava do Tico. Eu juro !

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