O dia em
que Tico morreu
No
dia que Tico morreu,jurei nunca mais ter cachorro na vida. Era assim
,a agente cuidava do bicho desde pequenininho , dava mamadeira
,limpava cocô mole, segurava aquela coisinha quente e carinhosa no
colo . Depois, o cachorro crescia ,aprendia a conhecer a chegada da
gente de longe ,fazia festa,brincava ...Nos dias de nota baixa ,de
bronca ,de febre alta ,só mesmo um bicho de estimação pra
consolar a gente. Eles não ligam pra boletim. Nem pra bronca de
adulto .Eles gostavam da gente porque gostavam ,oras bolas .Claro
, ás vezes eu não ligava pra ele .Mandava embora quando vinha
,abanando o rabo ,pedir cafuné na orelha . Mas ele sabia que a gente
era um do outro .Eu não precisava ficar falando .Ele sabia.
Aí,
Tico morreu .No começo eu nem acreditei. Chorei. E jurei nunca mais
ter outro bicho .Nem cachorro, nem gato, nem hipopótamo, nem
estegossauro .
E
agora não sei o que fazer. Porque trouxeram um novo para casa. Ele é
pequenininho, treme-treme, acabou de abrir os olhos. Tá com fome, eu
sei, mas não vou dar mamadeira. Nem limpar aquele cocô que ele fez
no canto. Não me importo se o danadinho fica me olhando com essa
cara de “me-pega-no-colo”...
Acho
que ele tem cara de pingo .
Taí. É um bom nome pra um cachorrinho...Pingo .Tudo bem, é melhor limpar
aquele cocô antes que o cheiro piore. E dar um leite pra ele. Mas
nunca, nunca vou gostar desse bicho como gostava do Tico. Eu juro !
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